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ABF e o ano mágico de 2022 – Parte II

Por: Airton Fernando Iepsen

Fotos: Guilherme Krüger – ABF Futsal e Airton Fernando Iepsen

Na parte I desse trabalho o objetivo foi a trajetória da Associação Brasil Futsal na fase de classificação. Eram dez equipes disputando oito vagas e a partir daí quartas de final, semifinais e finais. Todas com jogos de ida e volta, sem saldo de gols, e em caso de empate em pontos uma prorrogação com a vantagem do empate para a equipe de melhor campanha, ou seja, a equipe mandante do jogo de volta. Assim os confrontos de quartas de final ficaram definidos, com os primeiros quatro melhor classificados com direito a fazer o jogo de volta:

UFSM – 1º colocadoLyon – 8º colocado
BGF – 2º colocadoBarcelona – 7º colocado
União Independente – 3º colocadoAVGF – 6º colocado
ABF – 4º colocadoSão José – 5º colocado

            Assim a equipe da ABF retornaria a Cachoeira do Sul, local de seu último jogo da fase classificatória para enfrentar o São José nas quartas de final. Jogo disputado em 15 de outubro. E o jogo de ida não foi favorável ao rubro negro lourenciano: uma derrota por 5 x 2, e muita festa da torcida e equipe adversária no final da partida. Os gols da ABF foram anotados por Endrigo em duas oportunidades. Assim, precisaria vencer a partida de volta em seu tempo normal e pelo menos segurar um empate na prorrogação.             5 de novembro de 2022: esta foi a data marcada para o jogo de volta valendo vaga para as semifinais da competição série Ouro. Com a ABF atuando pressionada por uma vitória que levaria o jogo para a prorrogação, e aí, jogando por um empate. E a vitória veio com uma goleada de 6 x 2 no tempo normal, e a equipe adversária se poupando no final do jogo em seu tempo normal, para uma decisiva prorrogação onde precisaria jogar por uma vitória. Na prorrogação, mais uma vitória da ABF, que aplicou um 3 x 0 com folga e sem correr muitos riscos. Os autores dos nove gols da equipe: 3 de Maurício Dall Agnol, 2 de Geyo, 2 de Maurício Peres, 1 de Rafinha e 1 de Endrigo.

Abaixo Maurício Peres observado por Índio da equipe do São José, na partida de volta. créditos Guilherme Krüger Stallbaum.

Nessa partida surgiu mais um componente decisivo para as vitórias em casa: a torcida que se concentrava no canto próximo ao bar do ginásio. Teve direito até a um nome específico: a Esquina Popular, com uma torcida que vaiou os adversários, aplaudiu, incentivou e ajudou a ABF nas conquistas decisivas em mata matas. É importante essa menção ao torcedor lourenciano. Na imagem abaixo, de Guilherme Krüger Stallbaum, atletas da ABF comemorando um gol junto à torcida.

            Chegando às semifinais, e em função de ficar em 4º lugar na fase de classificação, a ABF decidiria a sonhada vaga às finais fora de casa, visto que União Independente de São Sepé que ficou em 3º lugar eliminara a equipe caxiense da AVGF na outra quarta de final. E com pouco tempo de preparativos, pois a data do jogo de ida, em casa, no ginásio do Esporte Clube São Lourenço seria já no próximo sábado, dia 12 de novembro. Não deu muito tempo para a comemoração. E já o novo desafio com a obrigação de vencer em casa para ter chances pelo menos de ir a uma prorrogação, em caso de derrota fora de casa.

            O jogo contou com alguns componentes não convencionais: a equipe de São Sepé com duas expulsões dos árbitros Érico Andrade de Carvalho e Alexandre Rodrigues Orestes. Os expulsos Eduardo e o goleiro Vermelho, que teve desentendimentos com a torcida que estava atrás de sua goleira. Como reclamou reiteradamente com a arbitragem levou cartão amarelo e depois o cartão vermelho. Em sua entrada para o vestiário, revoltado chutou e quebrou uma cadeira e um vaso sanitário, e a necessidade de intervenção da segurança para acalmá-lo. Fora as questões disciplinares, na quadra, fazendo uma boa partida, a ABF fez valer o fator casa e venceu a equipe União Independente por 8 x 7. Os goleadores da noite: Endrigo, Geyo, Dieguinho, Maurício Peres (2), Leo Jaques (2) e um contra de Rogério. A imagem abaixo o goleador Leo Jaques e no fundo Willian da equipe União Independente no jogo de ida em São Lourenço do Sul. Créditos Guilherme Krüger Stallbaum.

            26 de novembro de 2022. Uma noite inesquecível na história do futsal lourenciano. Com uma partida decisiva, valendo vaga para a grande final do campeonato série Ouro. A ABF foi a cidade de São Sepé, para a partida de volta das semifinais contra a equipe União Independente. Com a vantagem de jogar pelo empate. E em caso de derrota, ainda levar o jogo a uma prorrogação onde precisaria vencer para conseguir a vaga. Jogo se prenunciava difícil. Dentro e fora da quadra. Recebidos equipe ABF, e nós da rádio Litoral Sul com total indiferença pelos responsáveis pela equipe adversária. O prenúncio de energias negativas na chegada.

            O jogo começou quente, e com os locatários abrindo grande vantagem no primeiro tempo. Uma goleada! Praticamente irreversível. Mas que por pouco não aconteceu. Chegando a descontar o placar para 4 x 3, somente a um gol do empate ainda no primeiro tempo. E empataria em 4 x 4 faltando 15 minutos para o encerramento da partida através de Maurício Peres. Que logo em seguida teria a bola da virada aos seus pés, pisou na bola, cedeu o contra ataque a equipe do União Independente que passou a frente de novo: 5 x 4. Esse foi o divisor de águas no segundo tempo, com a equipe da ABF sentindo a nova vantagem dos donos da casa. E se poupando já focando a prorrogação, e a necessidade da vitória. Mesmo assim ainda teve oportunidade de novo empate com duas bolas na trave e um gol  salvo em cima da linha quando a vantagem dos donos da casa era mínima impondo muitas dificuldades ao adversário. E o tempo regulamentar terminou em 9 x 6 para União Independente. Os gols da ABF: Leo Jaques, Natã Clei, Maurício, Dieguinho, Maurício Peres e Bad. Na imagem abaixo, de Guilherme Krüger Stallbaun a equipe em São Sepé para a decisão na semifinal.

            No intervalo antes da prorrogação, a equipe da ABF não pode se utilizar do seu vestiário, porque “não havia energia elétrica” por lá. Detalhe: somente no vestiário do visitante. Assim a reunião e preleção aconteceram fora do ginásio junto ao ônibus da delegação.  Em um primeiro tempo de muita cautela de ambas as equipes as emoções foram reservadas para os dois minutos finais, quando Maurício cometeu a quinta fala (na prorrogação as faltas do segundo tempo não zeram), e uma oportunidade incrível desperdiçada por Leo Jaques após assistência de Maurício. Além disso, do lado de União Independente uma bola na trave e uma grande defesa de Patrick faltando 1 minuto para acabar o jogo. E a quinta falta cometida pelos donos da casa. Assim, agora todas as faltas com tiro livre.

            O segundo tempo começou com três grandes defesas do goleiro Patrick, e uma oportunidade para a ABF, que caiu no pé direito de Maurício Peres. O jogo ficou lá e cá. E faltando 1 minuto para o final, um passe errado de Maurício Peres, e João Vítor mata no peito, e sem goleiro (ABF já estava com goleiro linha, Rafinha) marca o 1 x 0 para União Independente. 10 segundos depois em ataque da ABF Leo Jaques é calçado dentro da área. Pênalti. Depois da tradicional resenha da equipe penalizada, Leo Jaques com personalidade cobrou e marcou o empate.

            E a 12 segundos do final, aconteceu o que para muitos seria improvável. A virada da ABF, marcando dois gols em menos de um minuto, sendo este o minuto final. Era lateral para União Independente. O atleta bate, mas o árbitro Jean Carlos dos Santos Sasso indica reversão. Bad cobra, passa para Endrigo, que devolve para Bad e de novo para Endrigo. Este passa para Maurício Peres, que serve Leo Jaques, que não é egoísta e atravessa a bola onde se encontra Rafinha. Que livre empurra ao fundo do gol de Dunga. Eram exatos 12,7 segundos. E a virada acontecia! Loucura total eternizada na narração de Diego Freitas.

            O final e suas consequências: o atleta João Vítor da equipe União Independente no apito final da arbitragem jogou a bola com violência no rosto do árbitro Jean Carlos dos Santos Sasso. E quando os atletas e dirigentes ainda confraternizavam em quadra uma senhora entrou em quadra, com a aquiescência da segurança que foi conivente com a invasão dos torcedores enfurecidos. Eu fui ameaçado (está gravado) pelo atleta João Vítor, o coordenador da Litoral Sul Dênis Peglow foi agredido bem como atletas da ABF que tiveram que ir ao hospital fazer exame de corpo de delito. E culminou com a depredação do ônibus, conforme podemos ver na imagem de minha autoria abaixo.

            Como podemos verificar os vidros quebrados a pedradas, atletas, dirigentes, funcionários e seguranças não tiveram a mínima chance de se defender e fugir e se esconder foi a solução até a Brigada Militar chegar e dispersar os revoltosos agressores inconformados com a derrota. Foi necessário inclusive tiros com balas de borracha para dissuadir alguns atletas e alguns torcedores que não aceitaram perder a vaga na final. Na foto abaixo, delegação e pessoal da rádio Litoral Sul na saída do restaurante depois do jantar pós-jogo. Lembrando que o ônibus sai do ginásio onde foi disputado o jogo com escolta de viatura da Brigada Militar. Que acompanhou até sair da cidade de São Sepé. Foto de Guilherme Krüger Stallbaum.

Assim encerrando esse capítulo histórico da façanha de uma equipe lourenciana e sua chegada a uma grande final de uma competição de âmbito estadual. Com suas dificuldades, suas peripécias, derrotas, vitórias incríveis, com tons dramáticos enfrentados especialmente em jogos fora de casa. Claro que dificuldades desse tipo são normais. Até chegar ao ponto de agressões físicas e depredação de patrimônio. Nós poderíamos estender bem mais a situação em que todos que estiveram presentes na cidade de São Sepé na noite de 26 de novembro de 2022 estiveram expostos. Somente aqueles que estiveram lá sabem o que passaram, desde a chegada até a saída, essa graças a escolta policial. Foi uma noite de pavor, de medo que só terminou quando o ônibus chegou à estrada principal saindo da cidade de São Sepé. E uma noite de grande preocupação em quem de casa acompanhou tudo de maneira impotente. E que devido a amplitude da violência de alguns, poderia ter acabado em uma tragédia. Na parte III desse trabalho, encerrando o tema, vamos abordar a grande decisão contra a equipe BGF de Bento Gonçalves e trazer alguns depoimentos de quem participou da campanha vitoriosa da ABF, até aquele momento inesquecível do levantamento da taça.

ABF Campeã Gaúcha de Futsal – 2022

Foto: Guilherme Krüger

ABF Futsal

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